PROJEÇÕES DO IBGE - População mineira vai parar de crescer em 2039

Taxa de fecundidade do país atingiu 1,57 filho por mulher em 2023

PROJEÇÕES DO IBGE - População mineira vai parar de crescer em 2039
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil/Reprodução IBGE

A população brasileira começará a diminuir a partir de 2042. É o que aponta o estudo Projeções da População formulado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado na última semana. 

De acordo com o IBGE, a previsão é de que a taxa de aumento populacional, que em 2024 deverá ser de cerca de 0,4%, diminua gradativamente até 2041. A partir de 2042, o índice de queda da população também deve cair de forma gradual e se aproximar de 0,7% ao ano em 2070. Os dados mostram que o Brasil deverá atingir seu número máximo de habitantes, estimado em 220,43 milhões de pessoas em 2041, e que chegará aos 199.228.708 habitantes em 2070.

“No início dos anos 2000, a gente tinha uma taxa de crescimento acima de 1%. Estamos nos aproximando de zero. Em se tratando de Brasil, isso se dá principalmente pelo saldo de nascimentos e mortes. Nesse ponto [em 2042], o número de óbitos superaria os nascimentos”, afirma o pesquisador do IBGE Márcio Minamiguchi.

A previsão é de que ainda nesta década os estados de Alagoas e Rio Grande do Sul (2027) e Rio de Janeiro (2028) comecem a perder população. A expectativa é que a redução populacional em Minas Gerais se inicie daqui a 15 anos, em 2039, antecipando-se à média nacional.

Três estados já devem começar a perder população ainda nesta década: Alagoas e Rio Grande do Sul (em 2027) e Rio de Janeiro (em 2028). Roraima e Santa Catarina devem manter crescimento populacional até 2063. A população de Mato Grosso deverá continuar crescendo pelo menos até 2070.

Mudanças

Em 2020, a previsão era de que a população brasileira só começasse a cair em 2048, depois de atingir o pico de 233,23 milhões de pessoas em 2047. Ou seja, quase 13 milhões a mais e seis anos mais tarde do que a nova projeção.

As novas estimativas populacionais feitas, com base nos dados do Censo 2000, 2010 e 2022, têm como base a Pesquisa de Pós-Enumeração do Censo, que corrigiu inconsistências do levantamento demográfico de 2022 e nos registros de nascimento, mortes e migração no pós-pandemia.

Explicações

De acordo com Minamiguchi, a queda de população tem relação com a redução da taxa de fecundidade da mulher brasileira. Em 2023, a taxa chegou a 1,57 filho por mulher. A taxa considerada adequada para a reposição populacional é de 2,1 filhos por mulher.

Em 2000, o Brasil superava essa taxa, com 2,32 filhos por mulher, o que indicava a perspectiva de crescimento populacional para as décadas seguintes. Cinco anos depois, a taxa já havia caído para 1,95 filho, passando para 1,75 em 2010, 1,82 em 2015 e 1,66 em 2020. Em 2020, nenhuma região registrou taxa acima de 2,1.

“Essa queda da fecundidade tem um histórico mais longo. Ela ganhou força na metade da década de 1960. Para a gente ter uma ideia, essa taxa, em 1960, era de 6,28 filhos por mulher”, disse a pesquisadora do IBGE Marla França.

Em 2041, a taxa de fecundidade deverá atingir a 1,44 filho por mulher, apresentando, depois disso, ligeiro aumento até 2070, quando chegará a 1,5. Ainda de acordo com os números, o número de nascimentos, por ano, que era de 3,6 milhões em 2000, passou para 2,6 milhões em 2022 e deve chegar a 1,5 milhão em 2070.

Maternidade

Esses números vão ao encontro das novas projeções sobre a idade média da maternidade. Em 2000, as mulheres tinham filhos com 25,3 anos, em média. Vinte anos depois, essa idade média passou para 27,7 anos. A previsão é de que, em 2070, chegue a 31,3 anos. Ou seja, as mulheres estão decidindo se tornar mães cada vez mais tarde.

Izabel Marri, gerente de Estudos e Análises Demográficas do IBGE, destaca que a redução da taxa de fecundidade “vem desde os anos 1960. Vários fatores contribuíram para isso, como a urbanização, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o aumento da escolaridade feminina, além da popularização da pílula anticoncepcional. Com isso, as taxas de fecundidade recuaram gradativamente de uma média de mais de seis filhos por mulher para os patamares atuais”.