INFRAESTRUTURA - Brasil tem 1.942 cidades com risco de desastre ambiental

283 municípios mineiros integram a lista. Levantamento do Governo Federal deve subsidiar obras previstas para o Novo PAC

INFRAESTRUTURA - Brasil tem 1.942  cidades com risco de  desastre ambiental
Foto: Reprodução Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Devido às fortes chuvas que causaram estragos em diversas cidades do Rio Grande do Sul, a população tem se alertado para os desastres ambientais e climáticos, que são intensificados pelas mudanças climáticas provocadas pela ação humana no meio ambiente.

Conforme levantamento do governo federal, publicado em abril deste ano, o país tem 1.942 municípios suscetíveis a desastres associados a deslizamentos de terras, alagamentos, enxurradas e inundações, o que representa quase 35% do total dos municípios brasileiros e concentra cerca de 6% da população nacional. 

O estudo, coordenado pela Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento, ligada à Casa Civil da Presidência da República, refez a metodologia até então adotada, adicionando mais critérios e novas bases de dados, o que ampliou em 136% o número dos municípios considerados suscetíveis a desastres. Em 2012, o governo havia mapeado 821 cidades em risco desse tipo.

“O aumento na frequência e na intensidade dos eventos extremos de chuvas vêm criando um cenário desafiador para todos os países, em especial para aqueles em desenvolvimento e de grande extensão territorial, como o Brasil”, diz o estudo do governo federal.

Os estados com a maior proporção da população em áreas de risco são Bahia (17,3%), Espírito Santo (13,8%), Pernambuco (11,6%), Minas Gerais (10,6%) e Acre (9,7%). Já as unidades da federação com a população mais protegida contra desastres são Distrito Federal (0,1%); Goiás (0,2%), Mato Grosso (0,3%) e Paraná (1%). Dos 853 municípios mineiros, 283 integraram a lista.

O levantamento foi solicitado pelo governo em razão das obras previstas para o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que prevê investimentos em infraestrutura em todo o país. 

Populações pobres

Os dados mostram que as populações pobres são as mais prováveis de sofrerem com os desastres ambientais no Brasil, visto que essa população ocupa locais inadequados e com maiores riscos.

“A urbanização rápida e muitas vezes desordenada, assim como a segregação sócio territorial, têm levado as populações mais carentes a ocuparem locais inadequados, sujeitos a inundações, deslizamentos de terra e outras ameaças correlatas. Essas áreas são habitadas, de forma geral, por comunidades de baixa renda e que têm poucos recursos para se adaptarem ou se recuperarem dos impactos desses eventos, tornando-as mais vulneráveis a tais processos”, aponta o documento.

Registros

Além disso, a pesquisa identificou os desastres ambientais no Brasil entre 1991 e 2022, quando foram registrados 23.611 eventos, 3.890 óbitos e 8,2 milhões de desalojados ou desabrigados decorrentes de inundações, enxurradas e deslizamentos de terra.

Somente neste ano, no Rio Grande do Sul, já foram registradas mais de 160 mortes, 85 desaparecidos e 806 feridos, além das milhares de pessoas que perderam suas casas. Os dados são do boletim divulgado pela Defesa Civil do estado.

Recomendações

Entre as orientações da nota técnica, o estudo destaca algumas recomendações ao Poder Público para minimizar os danos dos desastres futuros, como a ampliação do monitoramento e sistemas de alertas para risco relativos a inundações, a atualização anual desses dados e a divulgação dessas informações para todas as instituições e órgãos que podem lidar com o tema.  

“É fundamental promover ações governamentais coordenadas voltadas à gestão de riscos e prevenção de desastres”, diz o estudo, acrescentando que o Novo PAC pode ser uma oportunidade para melhorar a gestão de riscos e desastres no Brasil.