ÍNDICE DE PROGRESSO SOCIAL - Acesso à educação é destaque em Itatiaiuçu

Pela primeira vez, um estudo aplicou no Brasil o Índice de Progresso Social (IPS), metodologia internacional que calcula o bem-estar da população a partir de dados oficiais. O estudo considerou todo o país e elaborou um ranking sobre a qualidade de vida dos 5.700 municípios brasileiros.

Através dos dados, os brasileiros podem avaliar quais são os melhores e piores lugares para se viver no Brasil. Em primeiro lugar está Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, eleita a melhor cidade do país, com uma nota de 74,5 em 100. Já a pior cidade é Uiramutã, em Roraima, com 37,6 pontos em 100, a nota mais baixa de todo o Brasil.

A intenção do levantamento, conforme explica o coordenador do IPS Brasil, Beto Veríssimo, não é ranquear os maiores PIBs ou mensurar ofertas de serviços, mas, sim, qualificar os resultados, como maiores expectativas de vida, menores taxas de homicídio e de poluição, e população com melhor acesso à educação superior. O levantamento utiliza dados e indicadores de órgãos oficiais e de institutos de pesquisa, como o Data SUS, Conselho Nacional de Justiça, MapBiomas, Anatel e CadÚnico.

O IPS é dividido em três dimensões principais: Necessidades Humanas Básicas; Fundamentos para o Bem-estar; e Oportunidades -, divididas em quatro componentes, que formam a média final. Cada componente é formado por alguns indicadores, com pesos entre eles, como o componente de segurança que tem o dado de taxa de homicídio com peso maior que o de morte de jovens.

Desempenho na cidade

Os números do estudo mostram que o PIB alto nem sempre acompanha bons indicadores sociais. Ou seja, apesar da renda per capita normalmente se associar à melhor qualidade de vida, isso nem sempre é o padrão para se qualificar no IPS. 

A classificação de Itatiaiuçu segue essa lógica. Apesar de ter um PIB per capita de R$ 538.748,73, conforme dados de 2021, ocupando o 3° lugar entre os 5.570 municípios analisados, o município ocupa o 2.669º lugar geral da lista do IPS Brasil, com pontuação de 58,39 em 100. 

O painel considerou as categorias “forte”, “neutro” e “fraco” para avaliar os indicadores. Os números mostram que em nenhuma das dimensões principais o município alcançou a categoria forte, apenas em componentes pontuais, como em “Acesso ao Conhecimento Básico”, com pontuação de 81,66, em 369º lugar. 

Em “Nutrição e Cuidados Médicos Básicos” a pontuação é baixa, alcançando nota de 62,83 e ocupando colocação de 4.714º lugar; “Água e Saneamento”, a nota é 67,93 e colocação de 3.110º lugar; “Moradia”, 91,28 e em 2074º lugar; “Segurança Pessoal”, 28,01 e 5.261º lugar; “Acesso à Informação e Comunicação”, com pontuação de 68,93 e 1.213º lugar; “Saúde e Bem-estar”, com pontuação de 54,88 e 3.447º lugar; “Qualidade do Meio Ambiente”, com pontuação de 70,15 e 1.001º colocação; e, por fim, “Oportunidades”, que considera direitos individuais, liberdades e escolhas, inclusão social e acesso à educação superior, com nota de 43,76 e 1.406º lugar.

Outro exemplo que mostra a discrepância em relação ao PIB per capita e classificação no IPS é a da cidade de Campina Grande (PB), que possui o 2.766º maior PIB per capita do país, mas tem classificação alta do IPS, ocupando o 276º lugar. 

Entendendo o cálculo do PIB

O PIB per capita é calculado a partir da divisão do PIB pelo número de habitantes de um local. Ou seja, aponta quanto da riqueza produzida caberia a cada pessoa se todas recebessem quantias iguais.

Considerando o ranking, com o valor do PIB de 2021 em R$ 538.748,73 por pessoa em Itatiaiuçu, que tinha uma população estimada naquele ano de 11,3 mil pessoas, o total na cidade foi de mais de R$ 6 bilhões. O valor pode ser explicado por ser uma região responsável pela maior parte da extração de minério de ferro de todo o país, o que explica o ganho de participação principalmente na arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) no período.

Desempenho em Minas Gerais

Já em relação ao estado de Minas Gerais, Itatiaiuçu ocupa a 511° posição, com 58,39 pontos. Entre os 34 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Itatiaiuçu ocupa a 29ª posição. Índice que coloca a cidade atrás de municípios da região, que se destacaram pelo desempenho e qualidade de vida. Uma delas é Itaúna, com nota de 68,49 em 100, que está em 6° lugar em todo o estado e 58º lugar considerando todo o país. Outra cidade que se destacou foi Igarapé, que ficou em 330º lugar no ranking entre todos os municípios e obteve nota de 65,71 em 100.

Já Nova Lima, na RMBH, conquistou o título de melhor cidade para se viver em Minas e 17º lugar em todo o país, com pontuação de 69,89. Com 111.697 habitantes, segundo dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município tem um dos melhores salários do país, e vem, nos últimos anos, passando por forte expansão imobiliária, inclusive do setor de alto luxo. 

Depois de Nova Lima, as melhores notas são de Caxambu, com nota 69,69 e 19º lugar, que tem estrutura turística importante; Belo Horizonte, com nota de 69,62 e 22º lugar; Uberlândia, com nota 69,11 e 33º lugar, conhecido pelo polo industrial relevante e de IDH elevado; e, por último, Montes Claros, com nota de 68,79 e 41º lugar, com polo universitário e da indústria têxtil.

Os municípios mineiros com pior índice são Novo Cruzeiro (49.22); Catuji (48.09); Ladainha (47.42); São João das Missões (46.28) e Senhora do Porto (46.26).

Veja o Ranking completo: